Lenda de Seteais
Seteais é um dos mais belos recantos de Sintra. O seu nome remonta a 1147, altura em que D. Afonso Henriques conquista Lisboa e Sintra.
Segundo a lenda, um dos primeiros cavaleiros cristãos a subir a serra de Xentra (Sintra) foi D. Mendo de Paiva que encontrou uma porta secreta por onde fugiam vários mouros. Entre eles encontrava-se uma moura muito bonita com a sua velha aia. Quando viu o cavaleiro, a jovem, por se sentir descoberta, suspirou.
A aia, aflita, pediu-lhe que não suspirasse mais. D. Mendo decidiu fazer a jovem sua prisioneira. Quando o disse à aia a jovem voltou a suspirar. O novo suspiro da bela moura fez com que a velha aia confessasse ao cavaleiro que a jovem tinha sido amaldiçoada por uma feiticeira e que morreria no dia em que desse sete ais. A revelação deste segredo fez com que a moura suspirasse de novo.
O cavaleiro não acreditou na história o que provocou outro suspiro da jovem. Quando o cavaleiro anunciou que fazia ambas suas prisioneiras a bela moura soltou novo suspiro. A pobre velha ficou desesperada porque a sua ama já tinha suspirado cinco vezes. O cavaleiro voltou a dizer que não acreditava em tais maldições e que iria procurar um local sossegado para onde as levaria.
Depois do cavaleiro se afastar surgiu um grupo de mouros que tinha ouvido a conversa e que se preparou para roubar as duas mulheres. Com um golpe de adaga cortaram a cabeça da velha ama o que provocou novo ai na jovem. Este foi o sexto ai. O sétimo foi a última coisa que disse, no momento em que viu a navalha voltear para lhe cair sobre o pescoço.
Quando D. Mendo voltou ficou muito triste e deu àquele recanto de Sintra, em honra da bela moura, o nome de Seteais.
Lenda da Peninha
Conta-se que no reinado de D. João III, na terra de Almoínhos-Velhos, havia uma pastora muda que tinha o costume de levar as suas ovelhas a pastar ao cimo da serra. Certo dia, uma das suas ovelhas fugiu. Após longas buscas observou ao longe uma senhora que trazia consigo a sua ovelha. A pastorinha agradeceu muito da maneira que pôde. A senhora, aproveitando a ocasião, pediu à pastorinha que lhe desse um pouco de pão. A pastora explicou-lhe, gestualmente, que esse ano tinha sido mau e havia muita fome. A senhora deu-lhe então um conselho:
- Quando chegares a casa chama pela tua mãe e procura pão.
A pastorinha tentou-lhe explicar que isso era impossível, pois para além de ter a certeza de não haver pão em sua casa, ela não podia chamar pela sua mãe, pois era muda. Mas a senhora tanto insistiu que a pastora decidiu fazer o que esta lhe dizia.
Ao chegar a casa chamou por sua mãe e a sua voz fez-se ouvir em toda a sua casa.
Contou a história a sua mãe e apressou-se em procurar o pão. E qual não foi o espanto das duas quando dentro de uma arca encontraram pão que chegou para a aldeia inteira.
No dia seguinte, como prova de agradecimento, toda a aldeia subiu à serra e precisamente no sítio onde a pastorinha tinha encontrado a senhora, estava agora uma gruta com a imagem de Nossa Senhora.
Esse local passou a ser sagrado e mais tarde foi aí construída uma capela, conhecida por capela de Nossa Senhora da Peninha.
Lenda do Cabo da Roca
Conta a lenda, que perto do Cabo da Roca, um menino, com cinco anos, sem que sua triste mãe pudesse saber onde ele estava já o presumia caído de alto penhasco abaixo no mar e afogado e considerava-o morto. Mas a verdade era outra. Umas bruxas raptaram-no e lançaram-no num monte sobre o mar.
Aos choros que o menino dava, acudiram uns pastores que rapidamente deram a notícia à vila. De lá saíram muitos aldeões com a desconsolada mãe para socorrerem o pobre menino.
Para o tirarem do buraco que parecia de fundo inacessível foi uma tarefa complicada, mas conseguiram-no. Todos alegres por o verem são e salvo logo a mãe lhe perguntou quem o tinha posto ali; e quem lhe dera de comer durante tanto tempo. O menino explicou que tinham sido umas mulheres que o tinham trazido pelo ar e o tinham atirado para a tal cova, porém, disse que uma senhora, muito formosa, todos os dias lhe levava umas sopinhas de cravos para ele comer.
Depois da história explicada e tudo estar resolvido, toda a aldeia mais a mãe e o menino dirigiram-se à igreja para agradecer a Nossa Senhora tudo ter acabado em bem. Ao entrar na igreja e vendo a Senhora no altar o menino disse: "Ó mãe, eis ali a senhora que todos os dias me dava as sopinhas de cravo para eu comer". Este menino chamava-se José Gomes, mas foi sua alcunha que ficou conhecida na praça de Cascais, Chapinheiro.
Num retábulo pintado no interior da Igreja, que está ao pé do farol da Guia (Cascais), datado de 1858, encontra-se inscrito este milagre.
Lenda de Monserrate
Diz a tradição que nos tempos de domínio árabe morou naquele sítio, no alto da Penha, um moço árabe ou fidalgo cristão, que tinha grande predomínio com todas as famílias cristãs que habitavam a serra.
Esse moço árabe andava em rixa velha com o alcaide do castelo de Sintra, resultando dessa discórdia este vir desafiá-lo a um duelo. Deste duelo resultou a morte do moço árabe. Logo foi tido em conta por toda a gente como mártir, ao qual levantaram um túmulo e depois uma capelinha de oração.
Esta pequena ermida com o tempo ruiu, sendo em 1500 substituída por outra, edificada pelo padre Gaspar Preto.
Lenda do Palácio Nacional de Sintra
No Palácio Nacional de Sintra existe uma sala cujo tecto está pintado com diversos desenhos de pegas.
Diz-se que o rei e a rainha que lá viviam nessa época fizeram casar mais de uma centena de mulheres, entrando na conta as que ele próprio casou também, seguindo tão bons exemplos. Não havia uma ligação ilícita, nem um adultério conhecido. A corte era uma escola. D. Filipa, pregando ao peito o seu véu de esposa casta não perdoava. Terrível, na sua mansidão, trazia o marido sobre espinhos.
Certo dia, segundo reza a lenda, em Sintra, o rei esqueceu-se, e furtivamente beijou a face de uma das aias, quando apareceu logo, acusadora e grave, a rainha casta e loura. D. João disse-lhe uma tolice: "Foi por bem!!". A rainha saiu solenemente. Eram ciúmes? Não, ciúmes só sente quem está apaixonado, e não era o caso. Apenas sentia o seu orgulho ferido.
Rapidamente a notícia se espalhou pelo palácio, e toda a criadagem andava com a frase "Foi por bem" na boca. Chateado com a situação, o rei decidiu tomar uma iniciativa, mandou construir uma sala para a criadagem. Todos ficaram radiantes e contando os dias que faltavam para a sala estar pronta.
Finalmente chegou o dia, iam conhecer a sala. Qual não foi o espanto de todos ao verem que o tecto de tal sala estava todo pintado com pegas, que tinham escrito no bico "Pour Bien". (traduza-se por bem).
Esse palácio nacional é rodeado de jardins, um deles é o jardim da Lindaria.
Reza a lenda que esse jardim era o local onde as mouras vinham, ao sair do banho, respirar a frescura do ar e o perfume embalsamado das flores. Uma dessas mouras enfeitiçou-se de amores por um cristão que ali escondido as observava. Seu marido, ao descobrir, matou-a. E dizem que ainda hoje, todas as noites a moura volta ao jardim em busca do cristão por quem se apaixonou.
Lenda do penedo dos ovos (pedra amarela)
Existe, no meio da serra de Sintra um penedo produzido pelas convulsões vulcânicas ou pela Natureza do terreno em tempos ignotos, anda ligada à seguinte lenda:
Dizia-se em tempos que por baixo de tal pedra havia um tesouro escondido que pertenceria a quem fosse capaz de derrubar o penedo, atirando-lhe com ovos.
Uma velha meteu então na cabeça que esse tesouro havia de lhe pertencer. Para tal, a velha começou a juntar tantos ovos quanto podia. Quando achou que já tinha uma boa provisão, deu início à sua ingénua tarefa. Carregou, pouco a pouco, todos os ovos para as imediações do penedo, e meteu mãos à obra. Um a um, dois a dois, e com quanta força dispunha, ia arremessando os ovos contra o penedo. Quando já não lhe restava nenhum, terrível decepção! O penedo continuava erecto e firme, lavado com ovos!
E foi assim que, em vez de cair por terra, o penedo, pondo a descoberto o maravilhoso tesouro, caíram por terra desfeitos todos os sonhos e todas as esperanças da pobre velha! E ainda hoje, o povo julga ver nos musgos amarelados que cobrem o penedo, as gemas dos ovos que a velha contra ele arremessou.
Lenda da Gruta da fada
Gruta formada por uma imensa rocha de granito, apoiada em dois rochedos que a flanqueiam. Diz a lenda que uma fada todas as noites, cerca da meia-noite, ali vai lamentar o seu destino.
A referida gruta fica na estrada para a Pena, à esquerda de quem sobe, quase ao chegar ao portão principal do Parque da Pena.
Convento de Santa Cruz ou dos Capuchos
Um dos habitantes do Convento de Santa Cruz ou dos Capuchos, foi Frei Honório, homem de muita fé e de grandes virtudes. Muito respeitado pelos habitantes daquelas redondezas, ali viveu durante 30 anos, sofrendo dolorosa e resignada penitência. Seu corpo jaz na Igreja daquele curioso convento. Diz-se que certa vez, Frei Honório encontrou pelos campos uma linda rapariga, "para quem não olhou", mas que o forçou a fazer algo. Exigia-lhe que a confessasse. O virtuoso monge, naquele ermo não tinha confessionário por isso mandou-a para o convento em procura de outro confessor. A bela da rapariga não se conformou e insistiu.
Rubro como um tomate, a suar em bico - isto passou-se em Agosto - apressou o passo, sempre seguido daquela que lhe pedia a penitência, até que, voltando-se e tapando o rosto com uma das mãos para fugir à formosura que o diabo encarnara para o tentar, com a outra fez o sinal da cruz, a que a rapariga, respondeu com um grito, fugindo para não mais ser vista.
Então, Frei Honório, por castigo por ter caído em tentação, isolou-se a pão e água numa gruta existente no Convento. E lá ficou até ao fim da sua vida.
Eventos anuais
Mostra de Teatro Amador
-Diversas colectividades do concelho (Maio e Junho).
Espectáculos de Arte Equestre
-Jardins do Palácio Nacional de Queluz (Maio a Outubro, à quarta de manhã, excepto em Agosto.
Festival de Sintra
-Centro Cultural Olga Cadaval e em diversos palácios e quintas de Sintra (Junho/Julho).
Festas de S. Pedro
-S. Pedro de Penaferim (28 e 29 de Junho).
Exposições caninas de Sintra
-S. João das Lampas (Ultimo fim de semana de Julho).
Etapa do Campeonato do mundo de Bodyboard
-Praia Grande (Agosto).
Dia Mundial do Turismo
-Centro histórico (27 de Setembro).
Sintra património mundial
- (Dezembro).
Coros de Natal
-Diversas Igrejas do Concelho (Dezembro).
Feiras
Agualva
-Feira do Agualva (Todas as sextas a Domingos).
Almargem do Bispo
-Feira das Caraças (Anual Julho).
Almoçageme
-Feira de Almoçageme (Mensal 3º Domingo).
-Festa da Nossa Senhora da Graça (Anual 1º Domingo de Outubro).
Azenhas do Mar
-Festa de S. Lourenço (Anual, 10 de Agosto).
Colares
-Festa da Nossa Senhora da Assunção (Anual, 15 de Agosto).
Mercês
-Feira das Mercês (3º e 4º Domingo de Abril e Outubro).
Montelavar
-Feira de Montelavar (Bimensal, 1º e 3º sábado).
Mucifal
-Festa da Nossa Senhora das Dores (Anual, ultimo fim de semana de Julho).
Penedo – Colares
-Festa do Divino Espírito Santo (7 semanas após a Páscoa).
Praia das Maças
-Festa da Nossa Senhora da Praia (Anual, 1º Domingo de Setembro).
Queluz
-Feira dos Santos (Anual, Julho).
S. João das Lampas
-Feira de S. João das Lampas (Mensal, 1º Domingo).
S. Pedro de Penaferrim
-Feira de S. Pedro (Bimensal, 2º e 4º Domingo).
Terrugem
-Feira da Terrugem (Mensal, 2º Sábado).
Ulgueira
-Festa da Nossa Senhora da Conceição (Anual, 8 de Dezembro).
Referências Bibliográficas:
-Sintra Guia do Concelho, texto editora, Janeiro de 2008, Pag. 278 e 279
Na doçaria o destaque vai, inevitavelmente, para as Queijadas de Sintra, doce ancestral que vem, pelo menos, da Idade Média. Todavia, há outros que merecem ser provados.
Os Travesseiros, os Pastéis da Pena, as Nozes de Galamares, os Fofos de Belas, a par de um conjunto de compotas tradicionais fabricadas segundo métodos muito antigos (regionais).
A acompanhar qualquer refeição, indispensável é o Vinho de Colares, sobretudo a sua famosa casta Ramisco, um dos primeiros da carta de vinhos de Portugal.
Sintra é uma região com um passado histórico abundante com um povo por vezes aclamado de saloios sintrenses, para caracterizar estes habitantes, os aspectos gastronómicos contribuem com um importante valor tradicional. Extensa e rica, a culinária de Sintra é capaz de fazer crescer água na boca a qualquer “bom garfo”.
Pratos de carne:
- Carne de porco às Mercês;
- Leitão dos Negrais;
- Vitela à Sintrense;
- Cabrito assado.
Pratos de peixe:
- Caldeirada de abrótea e caboz;
- Migas à pescador;
- Escalada de Lapas;
- Mexilhões na chapa;
- Mexilhões de cebolada;
- Açorda de bacalhau.
- Fofos de Belas
- Agualvas (Agualva-Cacém)
- Queijadas de Sintra (Fábricas: Piriquita, Sapa, Gregório, Preto)
- Travesseiros
- Pastéis da Cruz Alta
- Pastéis da Pena
- Pêras Pardas
- Parrameiros (Bolo Saloio vendido nas Feiras Tradicionais em Sintra)
- Nozes de Galamares
- Queijadas de Colares
- Bolos da Festa de Nossa Senhora da Graça (Almoçageme)
- Bolos da Festa de São Mamede (Janas)
Queijadas de Sintra
- 2 Colheres de (sopa) rasas de farinha de trigo
- 12 Queijos frescos pequenos
- 500 Grs de açúcar
- 24 Gemas
Para a Massa:
- 200 Grs de farinha de trigo
- 1 Ovo
- 75 Grs de manteiga
- Sal e água q.b.
Confecção:
Primeiro a massa:
Amasse a farinha com a manteiga, junte o ovo, uma pitada de sal e um pouco de água, vá amassando até obter massa segura e moldável; bata muito bem, faça uma bola e deixe a repousar 30 minutos.
Com o rolo estenda a massa de modo que fique com 2 mm de espessura e forre as formas de queijadas, e acerte os bordos.
Coloque as formas num tabuleiro e encha com o creme e leve a cozer em forno quente durante +- 30 minutos.
Agora o creme:
Batem-se muito bem os queijos frescos desfeitos, com as gemas e o açúcar, acrescentando a farinha para dar consistência.
Encha as formas já forradas com este creme.
Travesseiros de Sintra
- 500 Gramas de massa folhada caseira
- 1 Chávena de chá de ovos-moles com amêndoa
Confecção:
Estenda a massa folhada até atingir a espessura de 4mm, polvilhando ligeiramente com farinha sempre que necessário para não pegar nem ao rolo nem à mesa.
Depois corte com uma faca rectângulos de massa com cerca de 12x 12 cm.
Coloque no centro 1 colher de sobremesa de Ovos-moles, espalhando um pouco no sentido da largura sem chegar aos bordos.
Enrole com cuidado e espalme-os ligeiramente de modo que o fecho da massa fique virado para um dos lados nunca para baixo. Coloque os travesseiros num tabuleiro separados ligeiramente uns dos outros e leve a cozer em forno bastante quente cerca de 15 minutos.
Quando estiverem cozidos, retire-os e polvilhe-os ainda quentes um a um com açúcar.